Entre objetivos da CGROS está estimular organização nas federações de coletivos específicos, como os de trabalhadores com deficiência e LGBTQIAP+
A Comissão de Gênero, Raça, Orientação Sexual e Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência (CGROS) da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) se reuniu, nesta quinta-feira (29), para traçar o planejamento de atuação neste período. Participaram do evento, na sede da entidade, em São Paulo, dirigentes da Confederação e representantes de federações filiadas, integrantes do coletivo nacional.
De acordo com os representantes, este é o primeiro passo para o desenvolvimento da pauta, que inclui na programação a criação dos coletivos nas federações, atuação com seminários e encontros, entre outros.
A representante da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Ângela Savian, ressalta a importância do planejamento da CGROS. “A retomada da CGROS é de suma importância para a categoria, pois discute pautas importantes ao qual nossos representados estão inseridos, (pessoa com deficiência, gênero, raça e Lgbtqia+) a transversalidade da pauta dentro da categoria bancária. E a importância de levarmos essas pautas dentro das mesas temáticas da campanha salarial”, disse.
Também acompanhou o encontro Letícia Peres Françoso, diretora suplente da Federação. “Estamos atentos a todas as necessidades de nossos representados em suas diversidades dentro do sistema bancário. Levamos à Contraf as necessidades enfrentadas no dia a dia, para que possam desenvolver seu trabalho de forma inclusiva, justa e igualitária. As barreiras são imensas, e esse coletivo busca eliminá-las e dirimir as desigualdades encontradas dentro do sistema financeiro”, disse a representante.
Durante o encontro, os bancários foram mencionados como protagonistas no movimento sindical brasileiro e importantes para exercer políticas sociais.
Apesar de bem estruturados nos debates para juventude, combate ao racismo e gênero e mulheres, com secretarias específicas, os representantes reforçaram a necessidade de espaço para as demandas ligadas aos trabalhadores e trabalhadoras com deficiência e comunidade LBGTQIAP+, que ainda precisam ser conquistados.
Distorções no emprego
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) trouxe ao encontro um estudo que mostra as distorções no emprego da categoria, decorrentes de discriminação a vários segmentos, como comunidade LGBTQIAP+, pessoas com deficiência (PcD), mulheres e trabalhadores negros e negras, entre outros.
A apresentação, feita pela economista do Dieese, Vívian Machado, mostrou problemas que afetam, por exemplo, as mulheres, que recebem menos que os homens, são as maiores vítimas do endividamento familiar e sofrem forte violência. “No 1º semestre de 2022, a cada 6 horas, uma mulher foi vítima de feminicídio no Brasil”, conforme o estudo.
A remuneração média, com dados de 2021, revela também resultados da discriminação no emprego bancário. Enquanto um homem branco recebia R$ 11.831, o salário médio de uma mulher preta ficou em R$ 8.018. O mesmo se observa em cargos de liderança, preenchidos em 40,8% por homens brancos, em 7,4% por mulheres pardas e em apenas 1,1% por mulheres pretas.
Com relação a trabalhadores e trabalhadoras com deficiência, os números revelam que a inclusão é outra pauta que deve receber atenção do movimento sindical. Embora o percentual de bancários com deficiência tenha subido de 2,4%, em 2012, para 3,7% em 2021, o índice ainda é considerado baixo. Nesse ano, dos 442,5 mil bancários, apenas 16,3 mil eram PcDs.
Confira detalhes na apresentação do Dieese Igualdade de Oportunidades – Planejamento CGROS.
Fonte: Feeb SP/MS, com informações Contraf
Fotos: José Luiz Contraf