Caixa amplia lucro, mas reduz postos de trabalho e sobrecarrega empregados

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Nos primeiros nove meses de 2024, o banco lucrou mais de 9 bi, crescimento de 21,6% em relação ao mesmo período do ano anterior

Nos primeiros nove meses de 2024, a Caixa Econômica Federal registrou um lucro líquido recorrente de R$ 9,433 bilhões, crescimento de 21,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento nos lucros foi impulsionado pela redução de 13,5% nas provisões para perdas associadas ao risco de crédito e pelo crescimento de 7,0% nas receitas de prestação de serviços. “Contudo, esse desempenho financeiro positivo contrasta com a realidade enfrentada pelos empregados e pelos milhões de clientes da instituição, que se deparam com a redução de postos de trabalho e o fechamento de unidades de atendimento em todo o país”, afirmou a diretora executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil, que coordena da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa.

Apesar do saldo da Carteira de Crédito ter subido 10,8% em 12 meses, totalizando R$ 1,209 trilhão em setembro, e da expansão do crédito imobiliário em 14,7%, a Caixa reduziu drasticamente seu quadro de funcionários e pontos de atendimento. Somente nos últimos doze meses, foram fechados 3.413 postos de trabalho, deixando o banco com um total de 83.640 empregados(as) no terceiro trimestre de 2024. Isso significa uma diminuição expressiva na força de trabalho em um momento em que a demanda só aumenta, com um acréscimo de 1,2 milhão de clientes em doze meses e 2,08 milhões no trimestre.

“Essa política de cortes coloca uma pressão cada vez maior sobre os(as) empregados(as) remanescentes, que precisam lidar com uma carga de trabalho crescente e uma estrutura de atendimento reduzida”, lembrou Eliana. Para agravar ainda mais a situação, foram fechadas 114 agências, 233 unidades do Correspondente Caixa Aqui e 156 lotéricas no último ano. Em contrapartida, a abertura de apenas 23 postos de atendimento e uma agência móvel são medidas insuficientes para atender à crescente demanda de clientes, especialmente nas regiões mais distantes e carentes de serviços bancários.

Além disso, a Caixa se beneficiou com a expansão de suas receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias, que somaram R$ 20,4 bilhões até setembro de 2024, com um aumento de 7,0% em doze meses. No entanto, essas receitas não foram revertidas em melhores condições para o atendimento aos clientes e tampouco para os(as) funcionários(as), que enfrentam um ambiente de trabalho cada vez mais sobrecarregado e sem o devido suporte.

“A decisão da Caixa de priorizar lucros crescentes às custas da estrutura de atendimento e da qualidade de vida dos(as) empregados(as) levanta questionamentos sobre o compromisso da instituição com seu papel social, especialmente em um banco público, cuja função deveria ser facilitar o acesso aos serviços financeiros de forma justa e eficiente. O fechamento de agências e a redução de postos de trabalho mostram um claro descompasso entre o lucro recorde e a qualidade do atendimento, comprometendo a experiência dos clientes e prejudicando os(as) funcionários(as) que permanecem no banco”, finalizou a coordenadora da CEE.

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