Resultado é reflexo da atuação de funcionárias e funcionários, que defendem o reforço no quadro de pessoal e fim da gestão por assédio no BB
O Banco do Brasil apresentou, nesta quinta-feira (09), o resultado do lucro líquido ajustado dos nove primeiros meses de 2023. O crescimento no período, em comparação com o mesmo período do ano passado, foi de 14,0%, totalizando ganho de R$ 26,12 bilhões. O lucro líquido ajustado do terceiro trimestre do ano ficou em R$ 8,78 bilhões – com esse valor, praticamente não houve variação em relação ao trimestre anterior.
Em nota, o BB explica que o recorde foi determinado pelo aumento de 30,4% na margem financeira bruta no período de janeiro a setembro, influenciado, principalmente, pelo desempenho positivo da carteira de crédito e dos investimentos em títulos e elevação de 32,5% no resultado que o banco obteve com a participação em controladoras e coligadas.
O retorno sobre patrimônio líquido (RSPL), indicador financeiro referente à capacidade da empresa em agregar valor, chegou a 21,3%, o que, segundo o BB, representa um índice semelhante ao dos bancos privados.
“O lucro é positivo ao BB e à saúde da empresa, no cenário do sistema financeiro nacional, mas é válido ressaltar que os resultados são respostas do intenso trabalho dos seus funcionários e funcionárias”, observou a coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes. “O que temos ressaltado, em mesa de negociação com o banco, é o fim da gestão por assédio. O lucro vem subindo, período após período, mas o adoecimento de bancários não diminuiu. Portanto, queremos o fim de qualquer tipo de mecanismo que possa ser usado como assédio para o alcance de metas, e isso passa também pela nomeação e escolha de gestores, com visão mais humana”, destacou.
Agências e clientes
No período de um ano, em comparação a setembro de 2022, houve a redução de uma agência tradicional e abertura de duas agências digitais e especializadas, totalizando a manutenção de 3.171 agências tradicionais e 813 agências digitais ou especializadas.
“Além de combater a gestão por assédio, continuamos atuando para a ampliação do quadro de funcionários. Vamos lembrar que o BB só voltou a realizar concursos públicos depois de anos e de intensas manifestações nossas. Recentemente, participamos do evento de posse de cerca de 1.600 concursados e vamos continuar batendo nesta tecla. A expectativa é de contratação de 6.000 funcionários, até 2025, fruto dos concursos recentes”, completou Fernanda Lopes.
O número de clientes (correntistas, poupadores e beneficiários do INSS) também apresentou crescimento, passando de 81,269 milhões para 82,499 milhões – aumento de 1,230 milhões, em 12 meses.
Já as despesas do BB com pessoal, no período de 12 meses, apresentaram aumento de 7,9% (incluindo o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados/PLR), e totalizaram R$ 20,30 bilhões.
Carteira de crédito
A carteira de crédito ampliada cresceu 10,0% em 12 meses, totalizando R$ 1,066 trilhão em setembro de 2023. Outras carteiras que também apresentaram crescimento nos últimos 12 meses foram: agronegócio, +18,9% (R$ 339,94 bilhões), seguida da carteira pessoa física, +7,9% (R$ 304,15 bilhões) e carteira pessoa jurídica, +4,7% (R$ 371,45 bilhões).
Fernanda Lopes apontou como positiva a ampliação de crédito agropecuário, pensando no papel do BB como banco público e, portanto, fomentador do desenvolvimento. “Mas, reforçamos que o BB não deve, apenas, perseguir lucros. Esse não é o papel do banco público, sabendo que, ainda hoje, o BB continua com casos de assédio moral dentro de sua estrutura de gestão, principalmente assédio nas redes de agência e escritórios de negócios”, ressaltou a coordenadora da CEBB.
Inadimplência e despesas com PCLD
O BB afirma que o índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias ficou em 2,81%, aumento de 0,47 ponto percentual (p.p.) em relação a setembro de 2022 e abaixo da inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional (3,50%).
Já as despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD), também chamada de provisões para devedores duvidosos (PDD), aumentou em 42,8% em 12 meses, totalizando R$ 22,08 bilhões até setembro deste ano. O banco aponta como principal fator para o provisionamento adicional o segmento large corporate (grande empresa), que pode ser traduzido como o caso Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro, saindo do grau de risco F para G.
Confira aqui os destaques completos do balanço, apontados pela equipe da Subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Contraf-CUT.