Trabalhadores querem melhoria na rede credenciada e mais transparência dos dados; eles voltam a ressaltar a necessidade de fim do teto de gastos da Caixa com a saúde das empregadas e empregados
O Grupo de Trabalho sobre o Saúde Caixa, composto por representantes do banco e dos trabalhadores, se reuniu nesta quarta-feira (31) para analisar números do plano e debater sobre soluções para a melhoria da rede de atendimento aos usuários.
“Esperamos que, com o retorno de estruturas regionais de gestão de pessoas, seja possível fazer os acertos necessários no plano, para melhorar a rede de atendimento e, desta forma, o Saúde Caixa preste um serviço com mais qualidade aos usuários”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Rafael de Castro. “Também queremos que, administrativamente, haja transparência nas informações, com o fornecimento de dados e de custos, de forma que possamos analisá-los para buscar a redução das despesas e o consequente barateamento das mensalidades pagas pelos usuários”, completou Rafael.
Segundo os responsáveis do banco pelo Saúde Caixa, está em andamento um processo de fortalecimento da rede credenciada, com atuação direcionada para regiões com baixa disponibilidade de prestadores ou dificuldade de formação de rede.
“Mas, de acordo com os dados apresentados, o maior número de credenciamentos ocorreu nas regiões onde já há uma maior quantidade de prestadores. Nas regiões Centro-Oeste e Norte, foram realizados 18 e 23 credenciamentos, respectivamente. Na região Sudeste, 148”, observou a representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá. “Não estou dizendo que não há necessidade de credenciamentos direcionados onde há maior escassez, no entanto não está bom também onde a Caixa parece avaliar que há ‘rede saturada’. Ao contrário, aqui na região os usuários têm trazido informação de que cada vez mais profissionais e clinicas saíram do plano. É preciso haver credenciamento aberto de forma constante, não é razoável essa estratégia por edital que a Caixa defende”, completou a representante da Fetec-CUT/SP, ao observar que apesar de ter havido 828 novos credenciamentos, houve 659 descredenciamentos, o que significa que são apenas 169 profissionais a mais na rede. “É muito pouco para suprir a falta de médicos credenciados na rede de forma geral”, continuou.
Um exemplo citado pelos trabalhadores foi o da cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro, onde não há nenhum médico da rede credenciada para prestar o atendimento. “Os empregados precisam se deslocar por cerca de 90 quilômetros, até Angra dos Reis, ou Ubatuba, no estado de São Paulo, para serem atendidos na rede credenciada. Ou então passar por um profissional não credenciado e solicitar o reembolso do valor”, disse o representante da Federa-RJ, Serginho Amorim. “Isso encarece o serviço e faz com que o empregado perca um dia de trabalho para passar em uma consulta. É prejuízo para o banco e duplamente para os empregados, que ficam com a equipe desfalcada e mais sobrecarregados e ainda têm que arcar com os custos de deslocamento de uma cidade para outra, ou com os custos maiores de um atendimento particular”, completou o representante da Federa-RJ. “Se existe este problema aqui na região Sudeste, imagina nas demais regiões!”, observou Serginho.
Os representantes do banco disseram que há maior dificuldade para credenciamento em certas regiões devido à concentração de médicos na região Sudeste e, no máximo, em algumas capitais de estados de outras regiões.
Comitês de credenciamento e descredenciamento
O banco confirmou que vai atender a reivindicação do movimento sindical para que os comitês regionais de credenciamento e descredenciamento voltem a operar. “Se as Gipes e as Repes (gerências e representações regionais) tiverem estrutura física e de pessoal adequada, pode ser a solução mais apropriada para a melhoria da rede. As pessoas responsáveis pelo credenciamento e descredenciamento serão da própria região e atenderão as demandas regionais. Isso lhes dará mais condições de saber, de fato, quais especialidades precisam ser credenciadas para a melhoria do atendimento local”, explicou Serginho Amorim.
“Esperávamos que estas estruturas e a definição do formato nos fossem apresentadas hoje, e é muito ruim que ainda não se tenha a oficialização do comitê. Aguardamos isso para os próximos dias”, completou Vivian.
Outros pontos
Os trabalhadores questionaram a inclusão dos custos do PAMS, o antigo plano de saúde dos empregados, nos déficits do Saúde Caixa e voltaram a pedir a abertura dos dados de custeio dos afastamentos para tratamento de doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho (B91), para impedir que os mesmos sejam custeados pelo Saúde Caixa e não pelo banco, como devem ser.
Os representantes do banco que administram o Saúde Caixa também informaram que será iniciado um processo de integração das informações de saúde das empregadas e empregados, de forma que o Saúde Caixa possa realizar a medicina preventiva. As medidas fazem parte do processo de melhoria do Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional (PCMSO), uma reivindicação antiga da representação sindical dos trabalhadores.
Teto de custeio com saúde
A representação dos trabalhadores reafirmou para os representantes do banco a necessidade de se acabar com o teto de gastos da Caixa com a saúde das suas empregadas e empregados, definido no estatuto do banco em 6,5% da folha de pagamentos. O teto de custeio impede que o banco cubra os 70% dos custos do Saúde Caixa, como definido no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Hoje, segundo números apresentados na reunião, a Caixa paga apenas 52% dos custos do Saúde Caixa e os usuários do plano pagam 48%.