Em plena campanha do segundo turno, o atual presidente vem utilizando a Caixa para causar impacto em seu eleitorado, por meio de frequentes anúncios realizados nos últimos dias pela presidente Daniella Marques. As medidas têm sido complementares aos repasses do Auxílio Brasil e busca a aproximação de Bolsonaro com os eleitores mais pobres e mulheres.
Desde o início do segundo turno, o governo já anunciou três medidas que foram intermediadas pela Caixa. O programa de renegociação de dívidas, responsável por mais de 40 mil transações e R$ 78 milhões negociados; o consignado do Auxílio Brasil, com R$ 1,8 bilhão transferidos a cerca de 700 mil beneficiários e agora o lançamento de um programa com foco em formalizar mulheres empreendedoras, utilizando para tanto cerca de R$ 1 bilhão.
Se por um lado, o ministro Paulo Guedes fala em “privatizar tudo” e atua fortemente no desmonte dos bancos públicos, por outro, Bolsonaro mostra que as instituições são fundamentais na execução de políticas de seu governo com a finalidade de transferência de renda para a população.
Para o secretário-geral da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Reginaldo Breda, o governo age com incoerência, desrespeitando os empregados que atuam nas instituições públicas. “Bolsonaro usa os bancos públicos para ampliar seus votos, pois sabe da importância das instituições na intermediação de políticas do governo. No entanto, o objetivo da sua equipe econômica é “privatizar tudo”, como costuma dizer o ministro Paulo Guedes. Além de incoerente, “o governo demonstra constante descaso com a categoria”.
Ainda de acordo com Breda, a sobrecarga de trabalho nas agências é agravada com o acúmulo de benefícios concedidos em curto espaço de tempo. Essa realidade, somada ao cumprimento de metas e resultados, implica em condições de trabalho inadequadas. “A sobrecarga no expediente bancário e a pressão a que a categoria está submetida vem contribuindo para um número considerável de trabalhadores que pedem desligamento voluntário em suas agências. Essa realidade foi debatida durante a Campanha Salarial de 2022, com base num trabalho apresentado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que aponta a ‘fuga de uma cultura corporativa tóxica’ como um dos principais motivos dessa evasão de trabalhadores dos trabalhadores bancários”.
O levantamento mencionado traz, também, a “busca por vagas no modelo híbrido de trabalho” (presencial e home office) como um dos motivos pelos quais os bancários buscam vagas fora do sistema financeiro.
Desmonte
O fechamento do número de agências da Caixa não representa um grande desafio para a categoria. No entanto, o desmonte acontece quando o governo transfere a gestão do FGTS, um dos maiores fundos de investimento social do mundo, do penhor e da concessão de crédito habitacional a bancos privados.
Com relação ao Banco do Brasil, a situação do fechamento de agências e as demissões são mais graves. Recentemente, o DIEESE publicou um levantamento sobre o desmonte que acontece no Banco do Brasil. Ao todo, entre 2018 e 2022, um total de 1933 agências foram fechadas e 10 mil vagas de emprego deixaram de existir.
Fonte: FEEB-SP/MS