O lucro líquido da Caixa Econômica Federal nos primeiros nove meses de 2020 foi de R$ 7,5 bilhões. No trimestre, o lucro líquido foi de R$ 1,9 bilhão e o lucro ajustado foi de R$ 2,6 bilhões, crescendo 1,7% em relação ao 2º trimestre de 2020, segundo análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no balanço trimestral divulgado pelo banco nesta quarta-feira (25). A Caixa não explicou os fatores que causam a diferença entre o lucro líquido e o ajustado. Em doze meses, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio da instituição foi de 12,72%.
“A Caixa é uma instituição que não traz prejuízo para o país, ao contrário, contribui com dividendos para o Tesouro Nacional, prova disto, foram os lucros obtidos mesmo no período de pandemia alcançando a marca de R$ 7,5 bilhões de reais. Ou seja, não há motivo para que o Governo Federal e o ministro da Economia, Paulo Guedes, insistam com a privatização fatiada do banco, por meio da venda de subsidiárias”, observou Hilário Ruiz, vice-presidente do Sindicato dos Bancários de Rio Preto.
Auxílio emergencial e quadro de trabalho
Hilário Ruiz destacou ainda que problemas na atuação da Caixa com o pagamento do auxílio emergencial recaem de forma equivocada sobre os funcionários do Banco. “Quando falamos em auxílio emergencial, muita pessoas falam apenas das enormes filas que se formaram nas imediações das agências da Caixa. No entanto, se esquecem de que essas filas se formaram devido à má gestão do Governo Federal, que centralizou os pagamentos na Caixa, quando poderia dar responsabilidade também aos outros bancos. De forma equivocada, uma parte da sociedade acredita que a falta de gestão do banco é culpa dos bancários, o que nós sabemos não ser a realidade, pelo contrário, os funcionários de forma responsável e aguerrida, prestaram brilhante trabalho a nossa sociedade. A Caixa criou um sistema de cadastro exclusivo pela internet, que não funcionava e as pessoas procuram o banco para tentar fazer o cadastro, enfim, o Governo comete os erros e são os empregados da Caixa que, indevidamente, recebem as críticas”, disse o diretor.
Ruiz destacou ainda, que a instabilidade do sistema da Caixa também contribui para a formação de filas e que a CEE/Caixa cobra constantemente do banco a melhoria e estabilização do sistema.
Sobrecarga
Para o diretor do Sindicato, Daniel Vitolo, a redução do quadro de pessoal também é fator preponderante que influencia na formação das filas. “É notório que os empregados já estavam sobrecarregados devido aos inúmeros PDVs (planos de demissões voluntárias) que foram realizados recentemente, sem que houvesse reposição adequada do quadro de trabalhadores. É preciso que haja convocação dos aprovados no concurso para repor o quadro”, destacou.
Dados do balanço divulgado nesta quarta-feira mostram que a Caixa encerrou 3º trimestre de 2020 com 84.290 empregados, com fechamento de 796 postos de trabalho em doze meses. Destes, 30 postos de trabalho foram reduzidos entre março e setembro de 2020, em plena pandemia. Também foram fechadas duas agências. Em contrapartida, a Caixa registrou incremento de aproximadamente 43.565 milhões de novos clientes.
“Como não haver filas? Aumenta-se absurdamente a demanda, fecham-se agências e reduz-se o quadro de pessoal. E ainda há quem queira colocar a culpa pelas filas nos trabalhadores que, assim como fazem os médicos e enfermeiros, cumprem arduamente suas funções na linha de frente de atendimento à população, em plena pandemia”, destacou Daniel Vitolo.
Veja abaixo a tabela resumo do balanço da Caixa, ou, se preferir, leia a análise do Dieese na íntegra.