Os bancos brasileiros registraram um aumento na lucratividade durante o primeiro semestre deste ano, com destaque para as instituições digitais, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira divulgado pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira, 21. A previsão é de que a receita líquida de juros e serviços continue em alta nos próximos meses.
O documento aponta que o retorno anual sobre o patrimônio líquido (ROE) do sistema bancário nacional subiu para 15,11% até 30 de junho, em comparação aos 14,23% registrados no final de dezembro de 2023.
As instituições digitais lideraram o crescimento, alcançando um ROE de 19,1% no final de junho – o maior entre os segmentos – em relação aos 11,45% no encerramento de 2023. Entre os destaques do setor estão bancos como Nubank, Inter e C6.
Segundo o BC, esse desempenho foi impulsionado por “efeitos positivos da alavancagem operacional, com a rentabilização da base de clientes em algumas instituições, e pela redução da pressão das despesas com provisões”.
Vale lembrar que, até o final de 2022, os bancos digitais enfrentavam resultados negativos ou ROE de apenas um dígito.
Evolução e inovação no setor bancário digital
O diretor de supervisão do BC, Ailton de Aquino, afirmou em entrevista que os bancos digitais se beneficiam de um modelo de crédito sólido. Segundo ele, as menores despesas com provisões, em comparação aos bancos tradicionais, refletem a maturidade alcançada pelo segmento.
Aquino também destacou que a evolução das fintechs no Brasil é resultado de iniciativas do BC para fomentar inovação e aumentar a competitividade no mercado financeiro.
Sobre notícias de que o Nubank, maior banco digital do Brasil com quase 100 milhões de clientes, poderia transferir sua sede para o Reino Unido, Aquino afirmou que o BC está acompanhando a situação de perto.
Novas regras e impacto no setor
Com mudanças regulatórias programadas para janeiro, que alinharão as normas contábeis dos instrumentos financeiros aos padrões internacionais, o BC estimou que os bancos precisarão reforçar suas provisões em cerca de 38 bilhões de reais, o que equivale a 10% do nível atual.
Apesar do aumento nas provisões, a mudança não deve impactar os resultados financeiros ou a oferta de crédito das instituições, segundo o BC. Algumas entidades expressaram preocupação, mas a autoridade monetária garantiu que o prazo de transição foi suficiente e eventuais problemas serão tratados individualmente.
No geral, o BC avaliou que o setor bancário apresenta sinais de recuperação, com redução no impacto dos riscos e controle das despesas operacionais. A expectativa é de que a rentabilidade continue em trajetória ascendente nos próximos períodos, impulsionada pelo crescimento de receitas e estabilidade nos custos.
Por fim, Aquino revelou que o BC está avaliando novas formas de financiamento para o mercado imobiliário e possíveis mudanças nos depósitos compulsórios, embora essas discussões ainda estejam em estágio inicial.
Fonte: istoedinheiro.com.br com Seeb Rio Preto