A conferência foi dividida entre abertura, palestras sobre o cenário atual e o futuro do movimento sindical e o balanço dos encontros nacionais dos bancos públicos e privados. Durante o encontro também foi exibida uma homenagem aos companheiros de luta sindical que faleceram no período da pandemia.
Conjuntura – A programação contou com apresentação sobre a Conjuntura Geral e Bancária feita pela economista Vivian Machado do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Dentre as informações apresentadas estão dados relativos à taxa média de juros por modalidade, pessoa física e jurídica; taxa de desemprego de 2015 a 2019 e estimativas para 2020 a 2022; A apresentação também trouxe balanços sobre os lucros dos cinco maiores bancos do país, sendo de R$ 54,7 bilhões e alta média de 61,4% em doze meses.
Segundo a economista, além dos lucros, vários fatores contribuíram para o crescimento do lucro como a ampliação das Carteiras de crédito e a queda da Provisão para Devedor Duvidosos (PDD). Os números mostraram, ainda, que a folha de pagamento foi coberta com folga em todos os bancos pela receita de tarifas. Demissões, home office e a criação e incorporação de fintechs também impactaram os resultados.
Acordo Coletivo – Outro ponto relevante da apresentação foi com relação ao Acordo Coletivo de dois anos celebrado em 2020, que garantiu aos bancários reajuste pelo INPC, com previsão de quase 10% mais 0,5% de aumento real. De acordo com o Dieese, 32,2% das categorias tiveram reajuste igual à inflação e 50,3% abaixo da inflação.
“Foi um momento importante, em que pudemos ter uma radiografia da situação atual do sistema com base nos dados apresentados, que mostram que os bancos continuam extremante lucrativos e reduzindo pessoal. Isso reforça a necessidade da intensificação da luta pela garantia do emprego e do aprofundamento das discussões sobre as condições de trabalho˜, diz o presidente da Feeb SP/MS, Davi Zaia.
Desafios – A segunda etapa da Conferência Interestadual abordou “Os Desafios Sindicais frente às mudanças no mundo do trabalho”. A palestra foi apresentada pelo sociólogo Clemente Ganz, que destacou a importância da ressignificação e da inovação no meio sindical.
“O grande desafio é a reorganização do sistema produtivo. A saída de empresas significativas do Brasil, como a Ford, por exemplo, exigirá do setor financeiro mudanças na organização sindical. As mudanças associadas à inovação tecnológica afetam todas as atividades econômicas. Já estamos na fase em que todas as atividades humanas têm a predominância de máquinas. O mundo do trabalho que conhecemos está em transformação e junto com essas transformações estruturais, há uma mudança fundamental na regulação do trabalho. Países realizam simultaneamente reformas trabalhistas, que flexibilizam formas de contratação”, afirma Clemente.
Ainda sobre o tema, Clemente ressalta a importância da preparação dos sindicatos para acompanhar essas mudanças. “É preciso pensar em uma elaboração estratégica de futuro. É necessário que esse planejamento seja orientado por um esforço coletivo capaz de inovar e transformar a organização ao ponto de saber responder a esse novo mundo”, destaca.
“Nosso objetivo é preparar os sindicatos para enfrentar essa realidade que os próprios dados demonstram, que é o sistema do mundo digital, para isso, é preciso novas estratégias para enfrentar as dificuldades trazidas com a tecnologia fazendo tudo e alterando o trabalho do bancário”, disse o presidente da Feeb SP/MS.
Relatórios – O encontro contou com a participação de 100% dos inscritos e incluiu a apresentação de relatórios dos Encontros dos Bancos Nacionais Públicos e Privados. A etapa contou com a participação de dos representantes de cada banco para destacar suas análises.
Itaú – O relatório apresentado com base nas pautas discutidas no encontro nacional inclui temas como Saúde do Trabalhador, Emprego, Remuneração, Fundação itaú, Transparência ao Banco de horas negativos, Demissões, Gera, GT Saúde, entre outros.
Bradesco – Emprego e condições de trabalho foram destacados pelos representantes do Bradesco, além da implementação do novo formato de agências, as chamadas Unidades de Negócios, dentre outras.
Santander – Já sobre o Santander foram destacadas tanto pautas tratadas durante o Encontro Nacional como as discutidas em reuniões constantes da COE com o Banco, como Previdência, análise da conjuntura sobre as novas empresas criadas pelo banco, retorno ao trabalho presencial, parcelamento de dívida relacionada à saúde, posicionamento do banco sobre o uso do whatsapp business, entre outros.
Mercantil do Brasil – Representantes do Mercantil destacaram as principais propostas definidas e encaminhas pela COE como a contratação de funcionários, redução da rotatividade, do número de clientes nas agências e das reuniões diárias sobre metas, testagem quinzenal da Covid nas agências, valorização das bancárias, contratação de funcionários, fim do assédio moral, retorno dos funcionários afastados, inserção de acrílicos nas mesas de atendimento, proibição da redução do PLR, fim do ranking entre agências, entre outras.
Banco do Brasil – Já sobre o Banco do Brasil foram destacados temas como diversidade, retrato do Banco do Brasil que queremos para o futuro, participação no Dia de Luta, intervenções sobre previdência, participação do banco na organização de encontros nacionais, Cassi Essencial, entre outros.
Caixa Econômica Federal – Dentre as pautas apresentadas com base nos debates do Encontro Nacional estão Saúde Caixa, participação nas atividades do Dia Nacional de Luta e Paralisações contra a PEC 32, união dos empregados na luta em defesa das empresas públicas e da soberania nacional, privatização dos correios, aprovação de moções em defesa da conselheira Rita Serrano, assim como em defesa da saúde dos empregados, dos participantes da Funcef, contra a privatização dos Correios, moção de repúdio ao presidente da CEF, Pedro Guimarães, entre outras.
Informes – Ao término das apresentações foi ressaltada a importância da participação dos representantes na 23ª Conferência Nacional, programada para os dias 03 e 04 de setembro.
A Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul participará com 108 delegações. Para participar da Conferência Nacional dos Bancários é necessário que a delegada e/ou delegado tenha participado da sua Conferência Regional/Estadual e sido eleita/eleito à 23ª Conferência Nacional dos Bancários.
O prazo para as inscrições eletrônicas das delegações à 23ª Conferência Nacional dos Bancários será encerrado às 18h (horário de Brasília) do dia 30 de agosto de 2021. As inscrições podem ser feitas na página da Contraf.